Pesquisa ArPa – Como está o mercado de arte no Brasil?

Edição da Arpa. Divulgação

 

Pesquisa inédita da revela percepções e desafios do mercado de arte contemporânea na América Latina

Realizada com 295 agentes do setor, a Pesquisa ArPa 2025 mapeia visões, expectativas e obstáculos do mercado de arte contemporânea na América Latina. Lançado durante a 4ª edição da ArPa Feira de Arte, o levantamento é resultado de uma parceria com a Agência Galo e propõe-se a suprir a carência histórica de dados estruturados sobre o setor. A partir de uma metodologia que envolveu artistas, curadores, galeristas, colecionadores, consultores e outros profissionais da cadeia produtiva, o estudo oferece um retrato complexo e plural da cena artística atual.

Um perfil mais abrangente

A pesquisa destaca o protagonismo de artistas representados por galerias, que compõem 40% dos respondentes. Também participaram colecionadores, curadores, diretores de galeria, art advisors e profissionais ligados a instituições. Ao incluir agentes muitas vezes sub-representados em levantamentos semelhantes — como artistas e curadores —, a ArPa propõe um modelo de análise mais inclusivo e conectado à diversidade de papéis que compõem o ecossistema artístico.

Estabilidade com sinais de crescimento

Sobre o momento atual do mercado de arte no Brasil, a percepção majoritária é de estabilidade. Ao mesmo tempo, um número significativo de respondentes identificou sinais de aceleração, revelando otimismo moderado. A expectativa para o segundo semestre de 2025 reforça essa tendência: quase 60% dos participantes projetam algum tipo de crescimento, enquanto 28% preveem manutenção do cenário atual e 12% indicam possibilidade de retração.

Matheus Abu. “Espiral de Tempo é Voo (3)”. ©Karla Osorio

 

Interesse internacional em ascensão

Um dos dados mais expressivos do levantamento aponta que 88% dos profissionais percebem um crescimento no interesse internacional por artistas latino-americanos. Embora nem todos considerem esse movimento consolidado, o resultado sinaliza oportunidades para maior projeção regional em feiras e instituições no exterior.

 

Rafael Chavez. ©Casa Triângulo

 

Quem compra arte hoje?

A pesquisa também mapeou os perfis de compradores mais atuantes no momento. Novos colecionadores lideram a lista, indicando uma renovação relevante na base de compradores. Em seguida, aparecem os colecionadores tradicionais, art advisors e instituições culturais. A presença de compradores internacionais foi considerada ainda tímida, mas crescente.

Newton Rezende. “A barca do Ingá”, 1985. ©Danielian

 

Barreiras de acesso e transformação digital

Apesar de avanços pontuais, o setor ainda é amplamente percebido como fechado e pouco acessível. Para mais da metade dos respondentes, o mercado brasileiro permanece restrito, embora 36% reconheçam sinais de abertura. Quando o tema é digitalização, os dados revelam um cenário misto: embora mais da metade observe um aumento no uso de plataformas e redes para venda de obras, os resultados ainda são considerados limitados por muitos agentes.

Já sobre o impacto de tecnologias como NFTs e criptoativos, prevalece o ceticismo. A maioria não vê influência significativa dessas inovações sobre o mercado, o que indica uma distância entre o discurso tecnológico e as práticas comerciais vigentes.

João Loureiro. ©Martins&Montero

 

Participação feminina: avanços e limites

A presença das mulheres no mercado de arte também foi abordada. Quase metade dos participantes reconhece avanços significativos na participação e reconhecimento feminino. No entanto, uma parcela expressiva considera que ainda há desigualdade de oportunidades ou concentração de protagonismo em poucos nomes — revelando que a equidade de gênero continua sendo um desafio a ser enfrentado.

Jandyra Waters. ©MaPa

 

Três grandes desafios

Os principais obstáculos apontados pelos respondentes se dividem em três frentes: ampliação da base de colecionadores, redução de custos operacionais (como logística e seguros) e projeção internacional dos artistas brasileiros. A concorrência com mercados mais consolidados, como EUA e Europa, aparece com peso menor nas respostas.

Ismênia Coaracy. ©MaPa

 

Conexão regional ainda é limitada

A pesquisa mostra que o Brasil mantém vínculos significativos com Argentina e México, mas as conexões com outros países latino-americanos ainda são pontuais. A percepção de isolamento estrutural do Brasil em relação ao restante da região persiste para mais de um terço dos respondentes.

Gonçalo Ivo. Sem Título, 2025. ©Simões de Assis

Matthew Lutz Kinoy. ©Mendes Wood

Narrativas em destaque

Os temas mais valorizados atualmente incluem pintura e desenho com forte vínculo com identidade e territorialidade, além de narrativas de artistas historicamente marginalizados. Obras com viés político-social e práticas experimentais também aparecem entre os interesses do mercado, revelando um setor atento a discursos críticos e contextuais.

 

Feiras seguem centrais para o setor

A maioria dos profissionais vê nas feiras de arte — como a própria ArPa — plataformas estratégicas para visibilidade e comercialização de obras. Mesmo com a ascensão dos canais digitais, os eventos presenciais mantêm papel central na dinâmica institucional e comercial do campo.

 

A Pesquisa ArPa 2025 confirma a importância de iniciativas que contribuam com dados qualificados para o desenvolvimento do setor. Ao se posicionar não apenas como uma feira, mas como um espaço de produção de conhecimento, a ArPa reafirma seu papel estratégico no fortalecimento do mercado de arte contemporânea na América Latina.

Cadastre e receba nossa NewsLetter

Movimento. Expografia. Experiência. Sinergia.

Desenvolvido com  por: