Fotografia de Cláudia Andujar. Terra Yanomami
Primeira COP na Amazônia. O que está em jogo?
A conferência de Belém será a primeira COP realizada na Amazônia. É prerrogativa dos países-sede trazer visibilidade para agendas que eles considerem importantes. Na COP-25, em 2019, por exemplo, a presidência chilena trouxe a temática de oceanos, importante para o país. E o Brasil, juntamente com as demais nações amazônicas, deverá reforçar o papel das florestas no alívio da emergência climática – bem como tentar trazer financiamento internacional para a mudança do modelo econômico da região, já que o presidente Lula se comprometeu a zerar o desmatamento até 2030.
Segundo o jornal Sumaúma, o Brasil pretende usar seu grande ativo ambiental, a floresta Amazônica, para se posicionar como líder do Sul global na nova geopolítica do clima. É uma oportunidade, mas também pode ser um problema, já que os holofotes mundiais estarão todos sobre o país e as contradições e fragilidades do discurso ambiental do governo federal e dos governos estaduais amazônicos estarão expostas.
Vale lembrar que a América Latina é a segunda região global mais suscetível aos efeitos das mudanças climáticas que acontecem por efeito da ação humana extrativista, desenvolvimentista e lucrativista. As tempestades, inundações e enchentes são alguns dos desastres comuns em regiões de climas tropicais. Desde a invasão e colonização europeia, o conceito estabelecido sobre progresso envolve propostas de urbanização que concretam o que antes eram ferramentas naturais de escoamento de água. Essas propostas também constroem edificações em regiões onde havia afluentes e erguem verdadeiras fortalezas para fazer uso dos recursos naturais, abusando do consumo de combustíveis fósseis.

E como a arte pode ajudar?
Diante da crise climática, é preciso mais que dados: é preciso fazer sentir os acontecimentos para mobilizar uma mudança real.
Um exemplo é a programação do Museu do Amanhã que, de julho a novembro, realiza seis exposições e dezenas de atividades formativas. Intitulado “Ocupação Esquenta COP”, o projeto busca transformar o Museu em uma plataforma de escuta ativa, de fricção entre saberes diversos e de convivência entre ciência, espiritualidade, ancestralidade e arte.
Três exposições ocupam o museu:
Claudia Andujar e seu universo: Sustentabilidade, Ciência e Espiritualidade
Com curadoria de Paulo Herkenhoff, nesta exposição, a ciência se abre ao diálogo com múltiplos saberes — formais e informais, tudo sobre o olhar fenomenal de um grande nome da fotografia e do ativismo, Claudia Andujar. A sustentabilidade é abordada para além daquilo que conhecemos: ela ganha uma dimensão filosófica, atravessando o indivíduo, a sociedade e o planeta.
A narrativa construída para a mostra reúne biologia, física, química e diferentes cosmologias. Ao trazer a cosmologia para o centro do debate, abrimos espaço para refletir também sobre a espiritualidade — em suas diversas expressões — e sobre as origens e conexões entre tudo o que existe.

Água Pantanal Fogo
Com curadoria de Eder Chiodetto, o Pantanal, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera, ganha protagonismo no Museu do Amanhã. Temos a honra de apresentar ao público esta exposição, que reúne imagens de dois renomados fotodocumentaristas brasileiros: Lalo de Almeida e Luciano Candisani.
Lalo documenta a devastação provocada pelo fogo que consumiu o bioma em 2020, ano marcado por um número recorde de queimadas. Já Luciano revela a presença vital da água em diferentes formas e superfícies, captadas durante o período de cheia na região. Água e fogo se entrelaçam nesta mostra, convidando o visitante a contemplar o Pantanal por meio de narrativas visuais profundas e sensíveis.

Tromba d’água
Qual é a força e a potência das águas? É com essa pergunta que o Instituto Artistas Latinas convida o público a mergulhar na mostra que reúne obras de 14 artistas mulheres latino-americanas. Com curadoria de Ana Carla Soler, Carolina Rodrigues e Francela Carrera, a exposição propõe reflexões sobre espiritualidade, ancestralidade e a conexão entre o feminino e a natureza, por meio de diferentes linguagens artísticas. Participam artistas do Brasil, Guatemala e Argentina, apresentando uma diversidade de perspectivas e vivências.
Por meio de pinturas, fotografias e videoarte, a mostra propõe um espaço para contar histórias e discutir questões sociais e de gênero que atravessam a realidade latino-americana. O projeto também oferece atividades educativas voltadas ao público, conduzidas por convidados do Instituto Artistas Latinas, com o objetivo de ampliar o diálogo e promover a troca de saberes.
