Andy Warhol with Cow Wallpaper, 1966. Image by © Steve Schapiro/Corbis
Como traduzir a linguagem transgressora de Andy Warhol em uma experiência espacial? A exposição Andy Warhol: Pop Art! propõe uma resposta por meio de sua expografia, que atualiza e valoriza os códigos visuais do artista.
Em cartaz no Museu de Arte Brasileira da FAAP, em São Paulo, esta é a maior mostra já dedicada a Warhol fora dos Estados Unidos. Com mais de 600 obras trazidas do The Andy Warhol Museum, em Pittsburgh, a exposição cobre quatro décadas de produção em múltiplos suportes — pinturas, filmes, fotografias, publicações, instalações e objetos. A curadoria é assinada por Amber Morgan (diretora de coleções do museu norte-americano) e Priscyla Gomes (curadora convidada no Brasil).
Vista da exposição. Foto: Masao Goto Filho/Veja SP
Logo na entrada, o visitante é impactado por um enorme papel de parede amarelo com vacas roxas — a mesma obra que ocupa a entrada do MoMA, em Nova York. O material, de fabricação específica e hoje descontinuada, é conhecido apenas pela Warhol Foundation.
A mostra se organiza em dois grandes núcleos. O primeiro apresenta obras icônicas, como as caixas de sabão Brillo e os retratos em série de Marilyn Monroe, Elvis Presley e Pelé. Um dos destaques da montagem é o uso de latas de alumínio como suportes, evocando os objetos cotidianos que Warhol transformou em ícones, como as famosas sopas Campbell’s. A escolha das latas reforça a lógica industrial da imagem e evidencia a relação entre arte, indústria e consumo — temas centrais na obra do artista.
Vista da exposição. Foto: Masao Goto Filho/Veja SP
Vistas da exposição. Foto: Davi Galantier Krasilchik/Folhapress
No centro da sala, um móvel curvilíneo conduz o percurso da exposição. Posicionado em torno das colunas estruturais, cria uma continuidade entre obras bi e tridimensionais, promovendo uma leitura fluida e imersiva do acervo. O desenho expositivo conecta diferentes momentos da trajetória de Warhol, sem seguir uma ordem cronológica, mas refletindo seu conceito de “multiplicação e reprodução”.
Vistas da exposição. Foto: Davi Galantier Krasilchik/Folhapress
As paredes, pintadas com cores vibrantes, típicas da Pop Art, criam contraste visual e valorizam as obras de grande escala, como A Última Ceia, produzida um ano antes da morte do artista e exibida pela primeira vez na América Latina.
Vista da exposição. Foto: Davi Galantier Krasilchik/Folhapress
Vista da exposição. Foto: Divulgação/MAB FAAP
O segundo núcleo da exposição recria a atmosfera da Factory, estúdio nova-iorquino onde Warhol desenvolveu diversas facetas de sua produção. Estão reunidos objetos e documentos ligados à música, cinema e televisão, como capas de discos, edições da revista Interview e trechos do programa Andy Warhol’s TV, exibidos em um aparelho de televisão antigo. Outros vídeos são projetados em grandes telas montadas sobre painéis autoportantes, reforçando a fluidez entre imagem, objeto e movimento.
Vista da exposição. Foto: Divulgação/MAB FAAP
A instalação participativa Silver Clouds integra esse núcleo. Com divisórias semi-transparentes, a obra estabelece um diálogo entre o espaço interno e externo, convidando o público à interação. Criada em 1966 em colaboração com o engenheiro Billy Klüver, a obra utiliza scotchpak — filme metalizado originalmente destinado a embalagens militares — preenchido com ar e hélio para garantir leveza e movimento. Com caráter imprevisível, Silver Clouds aproxima-se das experiências Fluxus ao estimular o deslocamento e a ação espontânea do público, reforçando seu potencial como experiência sensorial coletiva.
Vistas da exposição. Foto: Divulgação/MAB FAAP
A expografia de Andy Warhol: Pop Art! mimetiza os conceitos de reprodução, visibilidade e os métodos de produção do artista, resultando em uma experiência espacial dinâmica e imersiva.
Coincidentemente, outra mostra dedicada à Pop Art está em cartaz na cidade: Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960–70, na Pinacoteca de São Paulo. A exposição aborda o surgimento da indústria cultural, transformações sociais e rupturas políticas do período. A simultaneidade das duas mostras na capital paulista permite reflexões expográficas sobre convergências e divergências entre os contextos norte-americano e brasileiro.
Exposição “Pop Brasil” na Pinacoteca. Foto: Lela Beltrão / El Pais America
Serviço
Exposição Andy Warhol: Pop Art!
Visitação até 31 de agosto de 2025
Horário: Terça-feira a Domingo, das 9h às 20h
De terça a sexta: R$50 (inteira) / R$25 (meia)
Sábados e domingos: R$ 70 (inteira) / R$35 (meia)
Museu de Arte Brasileira – MAB FAAP
Rua Alagoas, 903 – Higienópolis. São Paulo – SP