Com obras de 74 artistas de oito países, a Bienal das Amazônias transforma Belém em palco para práticas que cruzam arte, território e resistência sob o conceito “Verde-Distância”.
A partir desta quarta-feira (27), Belém recebe a 2ª Bienal das Amazônias, que segue até 30 de novembro, com entrada gratuita, no Centro Cultural Bienal das Amazônias (CCBA). Sob o conceito “Verde-Distância”, a mostra reúne trabalhos de 74 artistas e coletivos vindos de oito países da Pan-Amazônia e do Caribe, ocupando oito mil metros quadrados do espaço com obras que cruzam espiritualidade, sonoridade, corporalidade, narração e resistência.
Mais do que uma exposição, a Bienal se propõe a ser um território em movimento, onde as práticas artísticas dialogam com as múltiplas identidades da região e seu papel geopolítico. A proposta é reafirmar o protagonismo da Amazônia por meio da arte contemporânea, devolvendo a narrativa à própria floresta e aos povos que a habitam.
Curadoria e conceito

Os curadores da segunda edição da Bienal das Amazônias. Da esquerda para direita, Mônica Amieva, Jean da Silva, Manuela Moscoso e Sara Garzón – Ana Dias/Divulgação
A curadoria é assinada por Manuela Moscoso (curadora-chefe), com Sara Garzón (adjunta), Jean da Silva (cocurador do programa público) e Mónica Amieva (curadora pedagógica). O ponto de partida é a expressão “verde-distância”, retirada do romance Verde Vagomundo, de Benedicto Monteiro. Para Manuela, a ideia traduz uma forma de relação que preserva sem isolar:
“Distância não é ausência. É matéria. É cuidado sem domínio e copresença sem fusão”, explica a curadora.
Essa abordagem permeia toda a exposição, estruturada em torno de três forças sensíveis — sonhos, memória e sotaque —, elementos já presentes nas práticas dos artistas convidados.
A expografia é assinada por Isabel Xavier, que pensou espaços que convidam à experiência ativa e criativa, valorizando a bioeconomia amazônida e as cadeias produtivas locais. Já a identidade visual leva a assinatura da designer Priscila Clementti e do artista Bonikta.
Homenagem e programação de abertura

A semana de abertura, de 27 a 31 de agosto, terá performances, rodas de conversa e encontros públicos. Um dos momentos centrais será a homenagem a Roberto Evangelista (1947–2019), artista acreano pioneiro cuja trajetória combinou performance, vídeo, escrita e pedagogia para preservar memórias afro-amazônicas e indígenas.
Entre os destaques estão as Assembleias Verde-Vagomundo, rodas de conversa que promovem um espaço horizontal de trocas entre artistas, curadores e visitantes, inspiradas na escrita de Benedicto Monteiro.

Confira alguns destaques da abertura:
- Quarta (27): performances de Delfina Nina, Nathyfa Michel e Nathalie Leroy Fiévée; Assembleia Verde-Memória às 15h30; e performance de Akha (Sonhário) às 18h.
- Quinta (28): Assembleia Verde-Distância e performance Destemplado, de Wilson Diaz.
- Sexta (29): apresentação do Mapa Teatro/Nukak, performance de Mali Salazar e Assembleia Verde–Sotaque.
- Sábado (30): performances no CCBA e no Ver-o-Rio, incluindo uma ativação interativa em homenagem a Evangelista.
- Domingo (31): performance de Roma Rio, marcando o encerramento do ciclo.
Uma Bienal para o mundo, a partir da Amazônia

Para além da exposição, a Bienal é uma plataforma que busca fortalecer a identidade plural da região e impulsionar a economia criativa local, com ações socioculturais contínuas no CCBA. “Quanto mais fortalecidos estivermos localmente, mais seremos ouvidos e respeitados globalmente”, reforça a instituição.
A 2ª Bienal integra a Temporada França-Brasil 2025, com participação de artistas dos territórios ultramarinos franceses. A realização conta com patrocínio master do Nubank, Shell e Vale, além de Mercado Livre via Lei Federal de Incentivo à Cultura, e apoio do ICAA e FADESP.

Conheça os artistas e coletivos brasileiros selecionados para a 2ª Bienal das Amazônias
Alessandro Fracta Akha Amazoniando Ana Ruas Bárbara Savannah Buga Peralta Carla Duncan Carchíris Chico Ribeiro Danilo S’Acre Feliciano Lana Jaider Esbell Joseca Yanomami Kuenan Mayu Marajó Estampado Marcelle Nascimento Mauricio Igor Osvaldo Gaia Patty Wolf Pedro Neves Regina Vater Roberto Evangelista Roma Rio Silvana Mendes Wira Tini Zahy Tentehar Zimar
Serviço
2ª Bienal das Amazônias – Verde-Distância
De 27 de agosto a 30 de novembro de 2025
Centro Cultural Bienal das Amazônias – Rua Manoel Barata, 400 – Belém, PA
www.bienalamazonias.org.br | @bienalamazonias
Horário de funcionamento do CCBA: segunda-feira e terça-feira fechado; quarta e quinta-feira das 9h às 17h; sexta e sábado das 10h às 20h; e domingos e feriados das 10h às 15h. A última entrada é sempre uma hora antes do fechamento.
Horário de funcionamento especial na semana de abertura: quarta-feira (27) das 12h às 18h30; quinta-feira (28) das 15h30 às 18h30; sexta-feira (29) e sábado (30) das 10h às 20h; domingo (31) das 10h às 15h.